A Linguagem e algumas variações.

05/08/2015 19:33

Como diria Jorge Duran “O amor e a literatura coincidem na procura apaixonada, quase sempre desesperada, da comunicação”.  

E estamos mesmo, em uma constante busca de uma boa comunicação, desde a era das cavernas, o ser humano sempre teve a necessidade de se comunicar uns com os outros; a necessidade fora tanto que por volta de 3200 A.C. começamos a reconhecer esse marco na história que chamamos de linguagem. De acordo com as pinturas rupestres (que são gravuras encontradas no interior das cavernas) podemos identificar uma série de coisas que acontecera naquela época, graças a uma certa forma de comunicação encontrada nessas paredes, temos uma história literalmente gravada, mas que forma de comunicação é essa?

É a linguagem não verbal.

Mas espera ai!

Então quer dizer que linguagem não é somente o que falamos e escrevemos?

 

Não! A linguagem é muito mais ampla do que isso. Nós temos:

Linguagem verbal: que é o uso da fala ou escrita como meio de comunicação.

Linguagem não verbal: é o uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica, escultura e gestos e etc.

Uma boa comunicação se dá através de uma linguagem, a interpretação da mesma é fundamental para que tanto o emissor quanto o receptor se entendam de forma coerente, que ambos tenham o domínio da linguagem dita para uma melhor decodificação da mesma.

Além dos tipos de linguagens que temos apresentado aqui, ainda temos também as variações linguísticas, as quais apresentam variações de acordo com as condições sociais (diafásica); as culturais e regionais (diatópicas); variações que se leva em questão a ortografia (históricas); e as que ocorrem em virtude do convívio com determinados grupos, como por exemplo podemos citar a linguagem dos advogados, dos surfistas, da classe médica, etc. (essas são as diastráticas).

Não podemos nos esquecer que estamos em uma sociedade dinâmica que se transforma a cada dia e também no modo geral das pessoas e suas formas de se comunicar, a língua vem sofrendo alterações com o passar dos tempos. O que é importante sabermos para que possamos ser bons interlocutores é que para a linguagem não existe o que é certo e não existe o errado, dentro da linguagem há o conveniente para cada situação, ou que se adequa ou não, vejamos a seguir como identificar cada variação da língua.

As variações diafásicas, podem ser formais ou informais, ter o conhecimento destes dois tipos de linguagem, é de suma importância para que o indivíduo consiga um destaque na sociedade, principalmente em sua profissão. Vejamos os exemplos e algumas diferenças nítidas entre a linguagem formal e a informal.

- “E aí, como é que cê anda? ” – Nesta frase há o uso da expressão “cê” que dá ideia de “você” o que caracteriza a linguagem informal.

- “Como é que você está? ” – Neste caso já vemos o uso da linguagem formal sem que o “você” seja substituído por uma expressão ou abreviação mais informal.

 

Na linguagem formal não se faz uso de gírias de linguagem, como ‘mano’, ‘novinha’, ‘bicho’, entre outros, essas são características da linguagem informal. É difícil imaginar você tratando o seu chefe como se fosse um colega qualquer: “ e ai chefia, o baguiu que cê pediu tá pronto, bom findi, fui!”. Certamente o chefe poderia responder – “cê num precisa voltar mais naum”.

 

A ideia de formal e não formal não desrespeito do que é certo ou errado, lembre-se sempre que na língua não há certo e errado e sim o conveniente. Então neste caso, o empregado não está falando de maneira incorreta, mas sim de uma maneira que não se adequa ao momento.

 

 

A variação diatópica, trata-se de uma variedade linguística regional ou geográfica; ela é responsável pelos falares locais, que se caracterizam pelos costumes e a cultura de acordo com cada região. Por exemplo, o Português falado no Brasil é diferente do Português falado em Portugal; mas essa diferença não se dá apenas entre os países, trata-se também de diferenças entre estados, a frases ‘foi mal’ vem lá do nordeste do Brasil e tem sido utilizado como gíria paulista para um pedido de desculpas. Há muitas palavras que utilizamos que são gírias ou são próprias de outras regiões. Se você ficou curioso, dê uma olhada no “Dicionário do nordestinês”.

 

As variações históricas referem-se as transformações da nossa língua conforme o tempo, principalmente em nossa maneira de escrever (ortografia). Junto com a evolução da raça humana, o desenvolvimento da inteligência e o tempo cada vez mais curto, nos trouxe maneiras para um diálogo mais rápido. A internet é um meio de comunicação muito amplo e com respostas a curto prazo, mas também é preciso conhecer essa linguagem, ao mandar um e-mail poderíamos utilizar a maneira formal iniciando com vossa mercê? Bom, se tratando do século XV sim e, neste caso também utilizaríamos a carta para a transmissão de informações. Posteriormente, mais ou menos no século XVI, outras formas foram desenvolvidas como: vossa excelênciavossa senhoriavossa majestadevossa alteza. A linguagem continuou sofrendo alterações como um processo de simplificação fonética, passando de vossa mercê a sossemecêvosmecê e, por fim, você, de maneira bem mais informal passou para e ainda no mundo virtual tornou-se o vc.

Algumas variantes dessa forma de tratamento são encontradas no dialeto caipira brasileiro: 

vosmecêvossuncê, vassuncêmecêvancêvacêvocê e ocê.

Aliás, essas mudanças de formas, são chamadas de metaplasmo: São transformações fonéticas que as palavras sofreram e ainda sofrem durante sua evolução.

Para saber mais, clique aqui.

E aí? Já conseguiu identificar o que está acontecendo no quadro acima? De qual tipo de variação se trata?

Esse é o tipo de variação diastráticas ou social compõe de linguagens faladas por um determinado grupo, que pode ser referente a classe social, idade, sexo; as diferenças socioculturais (nível culto, nível popular, língua padrão), ou seja, esse tipo de variação constitui do que é a identidade do indivíduo e de tudo o que está relacionado à sua natureza.

Podemos identificar uma pessoa através da sua maneira de falar e também escrever, o tom da sua voz, palavras utilizadas. Por exemplo, a classe feminina tem como características utilizar o diminuitivo de determinadas palavras como: bonitinho, cheirosinho, bebezinho, e assim por diante.

Vejamos o que acontece com um diálogo de pessoas de diferentes faixas etárias de idade, abaixo há uma conversa entre Pedro e o seu avô (calma, o avô é do Pedro).

- A Vera é uma gata

- De que raça?

- Ela me deixa bolado...

- Te deu uma bolada?

- Pô vô, tu não saca nada!

- É, hoje não mais..., mas quando eu era jovem sacava muito bem no vôlei.

Convenhamos, se o Pedro não tivesse estudado, não entenderia nada disso também, mas acontece que há uma diferença de idade e grupo social, a língua sofreu muitas alterações e ainda sofre, mas isso não significa que todos acompanham as suas evoluções. Na época do avô de Pedro, as pessoas se comunicavam entre si, de uma maneira mais formal, por isso ele não conseguiu sacar que a Vera é uma gata, mas em relação a beleza dela, não que ela seja realmente um felino.

Até aqui, ocê conseguiu sacar um pouquinho da linguagem e as suas variações?

Então não esqueça de deixar a sua opinião, sugestões e críticas serão sempre muito bem-vindas! Até a próxima!

 

 

Referências: https://www.fernandaalbuquerque.com.br/viagens/aprenda-o-dicionario-do-nordestines-antes-de-viajar-pelo-nordeste/; Formal e informal: https://www.estudopratico.com.br/o-que-e-linguagem-formal-e-informal/;Variações linguísticas: https://www.estudopratico.com.br/variacoes-linguisticas-diafasica-diatopica-diastratica-e-historica/; Tipos de variações: https://www.portugues.com.br/redacao/tipos-variacoes-linguisticas.htm; De vossa mercê a ocê:https://www.redescola.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=514:de-vossa-merce-a-oce&catid=42:documentosv;METAPLASMO: https://estudamosonline.blogspot.com.br/2011/03/metaplasmo-resumo.html